Nos parques da minha infância

22/01/2018

Vivenciei a diversão,

Que cada brinquedo continha,

Na sombrinha, fui levado aos ares,

Ao lado do meu pai, em noites agradáveis ou frias,

Desafiando olhares que se entreolhavam,

E eu, que tantas vezes pensava, que em mim marcavam,

Incurável temor, massageando os meus pés com o vento,

Sentindo-os livres do chão,

Balançando de medo e coragem,

N'alegria de uma roda gigante, me agigantei em uma noite distante

Vi todo o parque, tudo o que poderia ser visto,

Em uma certa gaiola, em uma roda não tão grande, me senti como um pássaro quieto,

com a alma falante, empurrando a prisão...

com o vigor do pensamento, com o corpo de um fantoche,

O meu pai sempre ao lado, um amigo,

A minha força, o meu suporte,

De cabeça pra baixo, vendo o céu como o chão,

Pisando... emoção,

foi essa sensação que eu tive naquele presente,

Naquela tarde seca e quente,

No barco viking, foi o estômago que mais falou,

O resto do corpo deu toda atenção,

Foram os calafrios que mais sentiram,

Foi o gelo da propulsão, que o corpo mais riu,

e as cócegas de um grito meio interno, meio riso,

A sensação de estar naufragando

Do mar rápido engolindo, de um buraco no chão entrando

Para dentro do oceano indo, para cima me salvando,

De ter o corpo mais uma vez guiado .. e não mais guiando [talvez nunca o guie de fato]

A mesma sensação .. de não ter mais liberdade

De não ter mais asas e ainda batê-las

Algumas ou muitas vezes quem sabe

Sobra a imaginação e nos liberta de nossos limites ... onde somos absolutos,

Mal lembro quando eu fui na montanha russa

Já é uma lembrança perdida

Uma carta rasgada

Uma fita estragada

Um passado mais do que passado, perfeitamente esquecido

Uma busca, que o tempo em mim, apagado

Mas a saudade ainda guarda mesmo o mínimo, e eu sempre levo comigo