Se entrega, mas recua.
Aqueles sonhos de menina que você tirou do fundo empoeirado do armário, foram esparramados na minha frente. Ingênua, e se eu te mostrasse tal faca e te roubasse o que tem em vista? Essa vulnerabilidade te tornou sensível, mas tão fraca. Agora tem medo da vergonha dessa exposição. Quer ter em quem confiar, mas tem medo de um novo engano apagar as suas luzes. Hoje se entrega, mas recua. Sinto a agonia dessa dicotomia no bater dos seus pés. Quer dizer de tudo, mas da boca nada sai. Quer me abraçar, quer me ligar, me pedir colo e até socorro. E, por mais que você abafe o que quer, sinto as mãos agoniadas de alguém que se afoga agarrando o meu pescoço e me puxando pra baixo. Não sei nadar, moça. Não posso ser seu salvador. Estou cansado.