Outono das flores.

     Flores de plásticos não têm perfumes,
são insensíveis, de nula essência, no
entanto, dispensam serem regadas e
jamais murcham. Basta comprar.
     Eu a desenhei com os nanquins de
meus desejos e a preenchi, pétalas,
caules e até os seus espinhos, com
cores vibrantes, passionais e portanto,
inconsistentes, em telas ilusionadas,
oníricas e temporãs.
     Então, o vento leve, breve, inconsistente 
e improvável, que a sua semente soprou 
e a semeou em meu, até então, árido vazio, 

foi o mesmo que a viu viçosa, tão bela, 

perfumada e irresistente, em meu jardim...

mas que, profeticamente, arrasador, 

invadiu-me e a arrancou...