Nos mares dos morros

Onde as curvas altas conversam com o céu

Em suas prosas de comadres

Com os seus pomares de cartel

São militares da língua solta na roça

Aos olhares na vida à míngua troça

Nos mares, onde tenho nadado

Com os pés chatos e cansados

Os morros riem da minha velhice precoce

De minha rabugice de pobre

Não sou faltoso, sou apenas simples

Mas um pedacinho orgulhoso

Meio pinel, um décimo tosco

Eu não ando nos mares dos morros

Eu os escalo, a lordose eu já sinto

Aja paciência, ajam calos

Debaixo das ondas dos ventos que as sombras das árvores

Plantam, nas raízes do sempre,

A minha bobinha sapiência, na minha alma inválida, lamacenta

Chovem as rotinas, e eu, que ao mesmo tempo abraço a novidade

Mas o mesmo passo... ah, eu não aguento!!

Adoro!!!.. a lentidão, a-morosidade

Eu, que já estou em plena confusão, com os meus trambiques lazarentos

Eu preciso de tudo calminho, previsível

Porque eu sou tudo isso, e também o oposto, um velho oco no cravo da idade, e um tormento combustível

No meu poço, eu caí

Ando com as pernas da minha alma

Sempre mais inflamável

A melancolia de minha calma

Com o chocalho do meu sarcasmo

Juro que é mel, ''não'' tem veneno ali

Eu mesmo me confesso, eu mesmo me perdoo

Como todo humor deveria ser, confessado, e pelo próprio risonho, perdoado

Perco a alma, e com veemência a procuro no acaso

Dou braçadas nesses mares entortados

Já até pensaram que eu estava bêbado,

oh coitados!!

Ora pois, eu, que só por água apego

Nos mares só têm água

Benta e aquela do pecado

Eu só estava caminhando e como sempre cansado

Abstêmio invertebrado, nas horas vagas, quando eu estou mais dado, acompanho os profissionais dos goles, enquanto eu..sou goleado

Maldito, porque eu tive que lembra-lo

Falemos de bolas e gramado

Nem preciso fala-lo

Seu nome amaldiçoado,

uica!!

O álcool dessas altitudes marolinhas

Vezes eu canto.. ao som de Kalinka

Até os morcegos fogem apavorados

Saltimbanco, um poetinha

Que não sabe o que é chão liso, só anda (se arrasta) em chão pisado, de terra batida, areia e espirros

Cheiro de cachorro afobado, e do seu mijo

Pousa o cheirinho de mato seco, e quando o destino dá sem medo, o cheiro do mato molhado, eu fico com o nariz aberto, com o mato eu confesso: hipnotizado, sempre surpreso o seu sabor apaixonado

Eu.. que sou sempre o atravessado

Na minha avenida eu me peço

Mais devagar amizade!!

Os mares não vão te engolir..

Os morros não uivam como os lobos..

As curvas não horizontam como as retas..

O céu está logo ali, espere um pouco!!

Ande devagar, como sempre, se não não terá mais pernas!!

Nem do corpo, nem da alma!!

Eu, que sou meio culto, e um pouco jeca

Um pouco inválido, um pouco atleta,

Um pouco porco, um pouco águia..