Entre o céu e o chão - Ilusões - XXXVI

Gosto de coisas com gosto. Já houve um tempo em que apreciava plásticos e palcos. Agora quero cheiro, sabor e leveza.

Quero chinelos confortáveis junto com uma velha xícara de café.

Panelas velhas que exalem lembranças e emoções.

Nas manhãs serenas basta-me o cheiro da grama com o orvalho

misturado com aromas de bolinhos de trigo e água.

Desejo lá pelas nove horas o sabor do sol nos pés dos meninos

que brincam descalços, e um pouquinho mais tarde voar no passado vendo o feijão num fogão despretensioso.

Numa mesa sem luxo almejo um banquete de alegrias em cadeiras sossegadas.

Pelas catorze uma sesta com aroma de merecimento e quietude.

Depois de um descanso de hortelã, caminhar por caminhos

tranquilos rodeados por quero-queros, sujar o pé na terra

seca e manchar as mãos com flores do mato.

Lá pelas tantas, sentar num canto quente com os meus

e apreciar o cheiro, o sabor e a leveza de cada um deles.

Luz de Cristal
Enviado por Luz de Cristal em 20/02/2018
Código do texto: T6259377
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