A LUTA, A CRUZ E O LUTO

Havia de estar enlutado

Com as golas embebidas em sujeira

Memória duma forja assistida

A Porto regada, mais vago que a areia.

Ouvia o resquício insano

Caso de adestrar baleia

A moça pelo vil encanto

Casquilho de derreter em lume.

Da cinza, brotou a inocência

Da espingarda se fez fuligem

Da gente a comer alvoroço

Coser a seda, manso desgosto.

Ousou emplumar do coiote a pele

A encobrir tenebrosa ousadia

Um jarro entornando chorume

Com mel passado a faca.

Só carecia estar de luto

Por mais silvos que endereçasse ao mar

Por mais cárcere a se fazer liberto

Sua cruz inda vagava por perto.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 27/08/2007
Reeditado em 23/04/2008
Código do texto: T626722
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