ABSOLUTO
O tempo tatuou memórias frágeis na pele da tarde, tingiu de lua a face da noite e fez cintilar vestígios de luz no firmamento. O tempo explodiu rochas e expeliu areia, rasgou mares e recortou planícies, cavou grotas e desenhou escaras no dorso da pedra. Esse mesmo tempo envenenou o poço de meus pensamentos e pôs em cada batida do relógio uma sílaba da tua voz. O tempo roubou da minha mão a possibilidade da indiferença. Na sombra da tua ausência ele se move e cria novas paisagens onde sou cativa e és passageiro.
Como um imã, o tempo atrai meu silêncio para dentro do teu olhar aceso, gravado no ponto cego entre a razão e o sossego.