O fantasma e o quarto
É de madrugada e eu estou em meu quarto. Estou nu e comendo uma maçã. É de madrugada e eu acabei de tomar um banho. Estou cansado e sem sono.
É de madrugada e eu estou escrevendo. O rádio está ligado e minha mente está mais errática que o voo de uma borboleta.
É de madrugada e meus fantasmas estão à solta. Eles estão espalhados por meu quarto, sobem pelas minhas pernas magras e espalham-se pelo meu corpo.
É de madrugada e isso confirma que meus fantasmas são como as paredes deste quarto em que escrevo. Eles também estão nus.
É de madrugada e eu estou aqui entre as paredes nuas de meu quarto. Meus fantasmas estão nus. Eles não precisam de lençóis.
É de madrugada. A maçã já foi comida e eu estou nu entre paredes e fantasmas.