O Homem

Andava curvado e devagar, no rosto molhado mesclava suor com lágrimas de dor.

Notava-se que os pés estavam doloridos e que ao trocar os passos suas pernas estremeciam. Assim seguia o homem, numa estrada que parecia não ter fim. O peso da cruz ardia seu ombro, o amontoado de problemas pesava em sua cabeça. A saliva amarga, a boca ressecada e a rouquidão o fazia pensar que não tinha opção. Não podia correr, não podia fugir, não podia sumir. Tinha que prosseguir, tinha que enfrentar, tinha que ressurgir. Tirou o paletó, arrancou a gravata e abriu a camisa. Jogou longe os sapatos dando ar para os pés, cabeça tranquiliza.

É a vida corrida, é trabalho, problema, é salário pequeno. É o filho doente, aluguel atrasado destilando veneno. Tá faltando alimento, na mesa, na alma e paz no coração.

É a vida pesando, é um homem oprimido, vivendo a depressão.