O DESABROCHAR DAS LETRAS
O poema é uma artesania, é o belo trabalhado na arte do inútil, com caligrafia miúda encarcerada num canto escondida no lugar de ser inútil.
Deslumbra-se o poeta quando a arte de escrever juntando as letras que o procuram trazendo cores que existem nas borboletas que voam sem rumo aparente e nos inutencilios cria-se o esticador de horizontes, rasgando os véus de quem só tem infância,
traquinando a beleza, conversando consigo mesmo trazendo pra si, o universo do imaginário "aumentando o mundo", onde o sol fecunda a mulher que o observa com as pernas abertas abrindo o amanhecer onde a brisa soa orvalhando a relva e soprando poesia em tempo integral.
Não peça para o poeta pregar um prego na parede pois ele será capaz de pregar o dedo, daí o poeta conclui que é preciso recolher desperdícios dando vida ao inexistente transformando o mundo onde não há razão ; apenas poesia, sem querer dizer nada além do encantamento.
Por José Roberto Teixeira
Em homenagem ao Poeta
Manuel de Barros