INSTANTÂNEO
Não sei. Dizem que a linguagem mudou tudo. As relações e crenças. As possibilidades de cooperação entre os seres. E quanto a nós?. Qual linguagem nos concedeu um elo? Quando teu olho escuro pingou veneno dentro do meu, pasmado? Eu diria assim que foi mesmo uma gota e estava dado o recado. Daqui ninguém te tira. Nem verdade, nem mentira. E só por isso eu sofro. Por saber que sou inteiramente a fêmea que desejas num lampejo de loucura. Como também a presa que penduras ao ombro no auge da caçada. Não há mais nada que eu queira além desse infinito beijo de Hollywood. Quando todos os sons são trilha sonora para a próxima cena sem drama, sem dúvida, sem trauma. Entre nós não cabe o passado. Ele é só uma sombra que vi uma vez passar sob teu olhar cigano. Só um nó na garganta quando falei do que fui por engano. Agora sou o rio onde você navega, sorrindo. Onde a saudade arde, tingindo de azul meu pensamento. Irresistível abraço em que me atiro na vertigem do encontro. Não sei se dura. Não sei se é só minha a loucura de achar que é diferente. Quero mesmo é sentir o que você sente quando me toca e, só por isso, volto a beijar o teu corpo como um rito divino de volta às origens, onde a boca se expressa sem fala, onde o prazer exala por todos os o poros o impossível convite a ficar até o fim, até onde eu não saiba de mim sequer o nome presente. Experimente ser infinito no meu leito de vida, que eu quero ser a preferida no seu jogo. Eu quero inventar o fogo no seu planeta glacial. Eu faço parte do plano do destino em que a menina conhece o bandido ideal. Roubado o coração de ouro, nada resta ao protagonista, que não o salto mortal.