A porta
Depois de encontrar as verdades, a porta não lhe faz mais sentido.
Entretanto, firmou-se um certo apego ou, quem sabe, até um chamego...
Não há nenhum portal.
Não mais revelação.
Mas ela segue à frente da porta.
Caminha em círculos.
Talvez um espiral.
É que a porta conhece suas faltas...
Os disfarces vão se desmontando.
Não mais desculpas a criar.
Ela e a porta.
A porta... E ela...
A paralisia causou certo estranhamento.
Talvez até certa revolta.
Mas a estrada até a porta fez-lhe ciente do quebra-cabeças.
Há sempre um novo entendimento.
A porta não se esgota em si.
Seriam as faltas tantas assim?
Ou haveria a falta original?
De todo modo, a realidade era impetuosa.
Ainda estava ali: frente à porta.
E, dessa vez, não era só uma porta, afinal.
Era ausência de tudo.
Era a porta do início...