Resto último
O cheiro da madeira do lar aderia ao perfume dela desenhando o aconchego. A euforia vinha trajada de menino que ria mais que corria. Era ali que vivia a minha alma. E foi ali que, pós incêndio, enterrei também a alma. Foi dali que saí louco tateando entre tóxicos. Esperei aquela moça tão noturna, a minha morte. Ela me deixou só, entre as feridas do meu corpo. Entre cicatrizes e, por overdose redimido, me formei então guerreiro. Escondia o elmo o meu rosto. Nenhuma lágrima mais foi vista. As dores no corpo, por segundos, atenuavam as saudades, e a luta fazia-me pensar que eu tinha alma, mas era alvo, apenas meta que provinha nova meta até ser gasto o resto último deste corpo.