DOS CACOS AO VITRAL

Dos cacos que restou da vida

Formei um belo vitral,

Nenhuma peça foi esquecida,

Ficou bonito o resultado final.

Recolhi cada pedacinho encontrado

E fui formando desenhos variados

Não liguei para o estilo ou estética

Apenas foi formando minha obra poética.

Juntei as cicatrizes aleatoriamente,

Não importei a qual ferida correspondia

E fiquei olhando alegremente

As figuras que aos poucos surgiam.

Formei lindos mosaicos coloridos

Do que antes eram apenas pedaços esquecidos

Vistos assim, arrumados

Nem parecem meus sonhos destroçados.

Trabalho terminado olhei e fiquei admirada

Ao perceber que nesta vida tudo é fugaz,

Tudo pode ser visto de um outro jeito

E o que era pra ser eterno não existe mais;

E de seus pedaços quebrados, estilhaçados,

Pode surgir um quadro quase perfeito.

Limpei o meu vitral e expus na galeria,

Dele só quero guardar a alegria.

Se estou inteira? Não sei, mas sei que

Aprendi a juntar os cacos e transformá-los

Em qualquer coisa que não machuque,

Isso por si só já vale o sofrimento que passei.

Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 30/08/2007
Reeditado em 18/12/2009
Código do texto: T630527
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