NASCI! ACHA POUCO?

Do que me valho perante o papel?

Este frouxo, rouco e pouco papel

São brotações laterais da alma a me extorquir o tino

Reumatismo de férias a engalanar meu mingau.

De que se presta a vida se não clama pelo diabo?

Nesta, eu falho e deságuo no ponteiro dos dias

Poderia ter vasilhas a conter todo o impulso

(saberia usa-las se assim lhas quisesse).

De que são feitas rotas margens que temos a nos salvar?

Odeio dar cabo no velame da paz... Tão tênue!

Avento estar em mar coberto a me espalhar com a chuva

Minha carcaça envolveria poríferos e celenterados.

Valho-me destas palavras a pôr sentido à vida

Vejo nela, o osso que quebra, o bonde das seis

Tarde de veranico no Pará, em Belém

Quisera eu, certa vez, ter nascido um molusco.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 30/08/2007
Reeditado em 13/05/2008
Código do texto: T630844
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