NASCI! ACHA POUCO?
Do que me valho perante o papel?
Este frouxo, rouco e pouco papel
São brotações laterais da alma a me extorquir o tino
Reumatismo de férias a engalanar meu mingau.
De que se presta a vida se não clama pelo diabo?
Nesta, eu falho e deságuo no ponteiro dos dias
Poderia ter vasilhas a conter todo o impulso
(saberia usa-las se assim lhas quisesse).
De que são feitas rotas margens que temos a nos salvar?
Odeio dar cabo no velame da paz... Tão tênue!
Avento estar em mar coberto a me espalhar com a chuva
Minha carcaça envolveria poríferos e celenterados.
Valho-me destas palavras a pôr sentido à vida
Vejo nela, o osso que quebra, o bonde das seis
Tarde de veranico no Pará, em Belém
Quisera eu, certa vez, ter nascido um molusco.