PEDAÇOS

Vinhas bem de leve, meu amado, tão tranqüilo, tão meigo,

tão sereno e dos meus lábios roubavas um beijo

e carregavas um pedaço.

No outro dia, chegavas tão doce e afável e levavas inteiro

o meu abraço. Falavas: “o que levo, é apenas

um pequenino pedaço” para que eu não saísse

desse carinhoso laço. Varias noites se decorreram...

E contigo foi meu corpo quase inteiro.

Comigo, poucos fragmentos ficaram...

Pedaços que eram inúteis sem que estivesses por perto

E se chegasses, os meus pedaços volviam desejando, os teus,

agora insólitos instantes de afeto.

Quando o mês se acabou foi minha mente quem fragmentou

e o pensamento vazio ficou Sem razão, a agudeza sumiu

O computo se foi, a leitura acabou

Dois mais dois eram cinco não quatro, em minha conta decrépita.

A alma foi a imediata, mas sozinha já estava.

Todos os anseios foram colocados na gaiola magoados,

voltados a um amor que os ignorava.

Pedaços que não se juntam com cola-tudo, nem adesivos...

Para ser levado, mas nada me faltava...

Perdi a alma e recebi de troco pequeno óbolo, pobre esmola.

Então quis a minha poesia, o meu escrever

Queria todas as minhas letras, minha prosa, meu versar

Como por encanto, vi o nó se desfazer

O sortilégio acabou... O truque se fez contrário

De volta todos os pedaços que formam meu ser

Meu integral ser que não pode ser submerso.

Minhas palavras que não se podem prender.

Elas são só minhas ou de quem mais eu quiser e do Orbe inteiro!

regynacarvalho
Enviado por regynacarvalho em 16/04/2018
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