Esquina

Em cada esquina eu dobro mais um ano,

em cada ano perco mais um pouco da

vivacidade mas não da muita vontade de acertar, de continuar a buscar a razão crucial da existência.

A cada volta do ponteiro mais eu desejo

saborear com satisfação as doses parcas de alegria, os espaçados risos frouxos, não me guardo mais dentro de páginas amareladas,

sei que pode ser o último suspiro, e eu não o perderia dentro de frases voláteis.

Gravo todos meus ensaios para me recordar no momento seguinte o quanto fui feliz; para deixar como lembrança a luz que irradia meus olhos enquanto meus lábios

sussurram coisas que só minh'alma por vezes consegue traduzir.

Assim nos meus momentos de solene solidão, quando a saudade não afugenta os vampiros da mocidade, releio nos espelhos dos meus mais recônditos desejos a intensa vontade de romper as nesgas do tempo pra não olhar pra trás e assim manter acesa a chama da eterna jovialidade, essa

que faz os sonhos acordarem sempre

com a mesma intensidade e volúpia.

O que importa se a cada esquina que eu dobro, os cabelos se tingem, carrego dentro

das mãos o ímpeto de não quebrar jamais o cristal, ainda que o brilho vá ficando raro...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 24/10/2005
Código do texto: T63158
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