O tempo sempre me surpreende
Por sua velocidade
Por sua guerra relâmpago
Que invade, domina e destrói
Não dá tempo para nos recompormos
Nos deixa em ruínas
Levantamos a bandeira da saudade
Pedimos clemência
Não dá tempo para armarmos uma defesa
Para organizarmos um exército
O tempo nos leva de nossas certezas
E quando olhamos pras horas do relógio
Já se passaram 10 anos ou mais
Aqueles anos que pareciam tão reais, tão vivos
tão presentes
E vamos nos esquecendo deles
São deformados, dissolvidos
O tempo rasga os nossos retratos
Os nossos diários de bordo, de memórias
Temos que borda-los, cola-los
E acabamos reinventando sensações
Exagerando sentimentos
Esquecendo discórdias
Quando vemos
Quando nos damos conta
Ele já passou
Também é surpreende o tempo que ficamos hibernando
fluindo de momento a momento
E nos esquecendo de perguntar
O quanto já pulamos
Uma nova camada vai se assentando
O que era terra fresca
Vira fóssil de infância
Dez anos atrás eu era universitário
Amante de gramas e conversas fiadas
Virgem de beijos
Um jovem galo aprendendo a cantar
Sempre esquecido de dar bom dia aos primeiros raios
Anos de turbulência
De evolução
Hoje eu tomei um susto ..
Quando eu finalmente percebi a distância desta realidade
Caramba!!
Praticamente uma década!!
O que era esquina
Virou reta em um mapa
Eu nem consigo mais vê-la de costas
É a impressão de estar sonâmbulo
Talvez seja isso mesmo
O tempo nos controla
Acordados ou dormindo, contando as estrelas
Sempre andando com seus pés
Brincando de pisar em cima deles
Ingênuos e fiéis
Cruel idade que carregamos
até não termos mais vontade e nem fé