Retrato interior

Eu me odeio por te amar tanto e por me amar tão parcimoniosamente; por possuir somente um pequeno pedaço do seu afeto e não poder me revoltar contra isso. Odeio a mim e a esses sentimentos poéticos que insistem em se apossar do meu ser sem pedir licença.

Apenas trocamos alguns segredos, e, inevitavelmente, tudo quer convergir para você. Carinho, palavras, pensamentos... tudo à espera... de algo que nunca vai ocorrer... porque somos como retas concorrentes, que se tocam num único ponto e seguem seus rumos em direções distintas.

Desconheço seu passado, tenho apenas o presente e não peço nada mais. Se você soubesse... você me prende sem o menor esforço; meu coração cabe na sua mão... mas eu não quero que essas brasas continuem te queimando.

Escrito em 31/08/07.