O coração visto de cima

Em passeio panorâmico, um moderno e xereta drone, sobrevoou meu íntimo. Ateve-se ao território mais sensível do meu interior.

Os relevos do meu coração, contrastam a idade que tenho. Parecem rugas, as tantas imperfeições.

A curiosa maquininha, filmou lugares inóspitos; áridos campos, quase inférteis; retorcidas árvores, sobreviventes dos mais diversos sentimentos pretéritos

Identificou muitas lacunas, mostrou fragmentos de vários formatos, sugerindo um complexo quebra cabeça.

Enigmáticas, também, são as pegadas encontradas circundando as desativadas crateras da dor.

Mas, felizmente, nem tudo é tormenta. Há um alento.

Revendo as imagens, pode-se observar um grande percentual de área inexplorada.

Nítidas são as fontes de esperança, regando as vastas plantações do otimismo.

Há colheita de grãos do bem às margens dos mananciais da solidariedade.

Foram encontrados indícios de boas lembranças resgatadas, alicerces de um sólido e otimista futuro.

Surpreso, concluo que a sede dos meus sentimentos não é totalmente um campo minado, embora necessite ser melhor estudado nas próximas edições.

Luiz Rodas
Enviado por Luiz Rodas em 13/05/2018
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