Na asa dos anjos
Na asa dos anjos
Tenho saudades de minha infância.
Saudades das criaturinhas que vinham
Até mim.
Conversávamos o tempo todo.
Conversas que não tinham fim.
Não conseguia distinguir o sexo,
Pois eram todos iguais os que se
Aproximavam de mim.
Seres lindos reluzentes, todos de
Cabelos encaracolados. Eram louros.
Na claridade do sol, mais pareciam
Ouro.
E eles em coro me falavam: Viemos
Te ensinar a voar. Suba em minhas asas,
Feche os olhos, só abra quando eu mandar.
A viajem era curta, e logo chegava, a um lugar
Desconhecido. Ao abrir os olhos, com suas asas
Me aconchegava. Exclamavam todos eles, estamos
No reino sem fim.
Via um ser muito minúsculo que tentava se aproximar
De mim. Eles a repreendiam severamente, pois queria
Jogar em mim o pó de pirlimpimpim. Diziam que me
Ensinariam voar. Minhas asas ainda iriam nascer.
Vinham me dar lições de voo sempre no amanhecer.
Que saudades dos lindos seres! Depois de me ensinarem,
Partiram para sempre sem nada falar. Hoje eu sei que eram
Arcanjos a ensinar outro anjo, que um dia teria de alçar voo
E aprender a voar.