Na asa dos anjos

Na asa dos anjos

Tenho saudades de minha infância.

Saudades das criaturinhas que vinham

Até mim.

Conversávamos o tempo todo.

Conversas que não tinham fim.

Não conseguia distinguir o sexo,

Pois eram todos iguais os que se

Aproximavam de mim.

Seres lindos reluzentes, todos de

Cabelos encaracolados. Eram louros.

Na claridade do sol, mais pareciam

Ouro.

E eles em coro me falavam: Viemos

Te ensinar a voar. Suba em minhas asas,

Feche os olhos, só abra quando eu mandar.

A viajem era curta, e logo chegava, a um lugar

Desconhecido. Ao abrir os olhos, com suas asas

Me aconchegava. Exclamavam todos eles, estamos

No reino sem fim.

Via um ser muito minúsculo que tentava se aproximar

De mim. Eles a repreendiam severamente, pois queria

Jogar em mim o pó de pirlimpimpim. Diziam que me

Ensinariam voar. Minhas asas ainda iriam nascer.

Vinham me dar lições de voo sempre no amanhecer.

Que saudades dos lindos seres! Depois de me ensinarem,

Partiram para sempre sem nada falar. Hoje eu sei que eram

Arcanjos a ensinar outro anjo, que um dia teria de alçar voo

E aprender a voar.

Lopes Alfredo
Enviado por Lopes Alfredo em 07/06/2018
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