Ouvindo paredes e tetos

Desprendido das alturas, vem o sereno tocando relvas e respingando estrada. A noite, tamborila saudades na porta da madrugada.

É que nas horas cavalga o tempo por campos espaçosos, fazendo varreduras no vento. Vida que passa e acena para as cenas vividas.

Remontadas as verdades e as mentiras, tudo se leva para a cama. Separa-se o joio do trigo, a cabeça no travesseiro.

Tem estrelas solitárias na contemplação de milhares de olhares, mais solitários ainda. É que sonhos se pendem nas telas das esperanças.

E o mundo se faz desigual, pela ignorância.

A noite é vastidão de pensamentos, com as chaves das trancas nas mãos. Abrem-se portas e descobre-se que há outras tantas, logo à frente, com as mesmas fechaduras.

Precisa-se saber se gira a chave, ou não.

É que as imagens são vivas ou desdenham, enlaçadas em cada ação.

A vida é jogo de consequências nas causas feitas.

Xadrez que se joga sem tabuleiro demarcado.

As peças são pressas, ou é estadia...

Só se movimentam conforme pedem as estratégias.

Lá fora tem frio e o luar soberanamente se enaltece no brilho, tal qual, pessoas se exaltam no brio, quando devagar começam a descobrir, que portas são para serem abertas. Se forem feitas, porque protegem alguma existência. Descobrir é ato de buscar.

Lidar com o descobrir é novo estudo e aprendizado.

Insônia cambaleia entre dormir e ficar deitado ouvindo paredes e tetos contarem segredos.

Takinho
Enviado por Takinho em 20/06/2018
Reeditado em 08/12/2020
Código do texto: T6369157
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