"Você, minha metalingüística"

Às vezes, ele surge em meu texto mediado por uma vírgula, é a certeza expressa numa única palavra e a dúvida disposta nas entrelinhas.

Certeza sim, pois sei que a tenho. E se a tenho é porque nutre em mim alguma sensação, da qual insisto não sentir. Já a dúvida prevalece enquanto perdurar meu tempo nele.

Há em mim um esgotamento do próprio tempo que me carrega. Cansada e destemperada, o bendito rende-se aos meus desvios morais: permissivos! Eu gosto deste vocábulo, seduz-me vorazmente pronunciá-lo: p-e-r-m-i-s-s-i-v-o!
 
Pausadamente e deliciosamente permissivo. Pois me permito, mesmo que indulgentemente, ir além dos meus próprios pés. Deixar-me guiar pelas minhas sensações nunca postas em prática, dar vazão aos meus impulsos de fêmea que sou! É, eu sou mulher, sim!

Ontem, ele esteve presente em meu texto: eu o quis fora, racionalizei a minha não-aceitação, e o desejei presente. Mas ele surgiu antitético e exuberante, eminente soberano, dono de toda uma frase, concatenando todas as outras, em justaposição.

Reneguei-lhe mesmo assim, entre adjuntos negativos e metáforas herméticas. Mas, via-me e tinha-me de forma explícita. Rendida no encantamento da sua maestria. No bailar da sua melodia, no despir da tua rebeldia... que mais me extasia, enfastia, oh manhã vadia, venha rápido, pois quero encontrar o meu maestro, e dizer-lhe o quanto tentei não dançar conforme a música!



“Gosto de você, gosto de ficar com você”.
(Tribalistas)