Ah, se alguém aí for viajar pra lua, passa lá em casa e leva a gente!

As pessoas andam muito carentes...

Quer seja de uma figura pública representativa.

Ou mesmo de um super-herói que morra como morremos

- numa esquina qualquer – sofrendo como a gente.

Éh, as pessoas andam muito carentes...

Veneram os Deuses virtuais a todo o momento.

No cinema aplaudem o pseudo-herói.

Que não passa de animação, que não vence a luta da gente.

Enquanto que lá na rua, por falta de educação, este mesmo humano,

- doente - tornou-se vilão.

Ataca sem qualquer razão. Já acorda pra serrar os dentes.

Ah, como as pessoas andam carentes...

Trocam, definitivamente, a companhia de quem está perto, por quem está longe e ausente.

O tato não se faz mais necessário. A companhia mais prazerosa é mesmo a virtual.

- Uau, você viu fulano de tal? – está doente. – viajou. – caiu o dente... Normal.

Defendem bandeiras, trocando farpas e pontapés. São tendenciosos, os juízes de todo boato.

Não investigam se é verdade. O que vale é o comentário!

Escravos da preguiça e da ignorância. Voltaram a ser crianças.

Trocaram a leitura por figura, por gravura.

Enviar vídeo, enviar ‘meme’, cinco minutos de fama é que é fortuna.

Uauu!!! São tão bravos, tão politizados... mas só pela rede social.

Andam atrasados, por isso buzinam, vomitam insultos uns aos outros.

O som deixou de ser ambiente, tornou-se feito carnaval, no sambódromo da rua da gente.

Drogas da moda / a moda é uma droga.

Música ultrajante / clipe, letra? Só o que não presta é o que se vende.

...

Ah, se alguém aí for viajar pra lua, passa lá em casa e leva a gente.

...

“Compra-se audiência, pagamos à vista e com indecência.

Censura? Pra quê. Frescuraaa. Vem ver!

- Não fazemos distinção. – mas e quanto à segregação?

- É, isso é capaz de ter!”

A corrupção é o nosso terremoto, a nossa peste.

Ela é a bomba que desmembra os nossos semelhantes.

A todo o momento, a todo instante.

É assim que a miséria investe.

Leis são criadas para a extinção da dignidade.

Outras nunca serão mudadas.

Pois atendem muito bem aos nossos impositores; opressivos e opressores,

Servem às suas impunidades... maldades, atrocidades.

...

Ah, como as pessoas andam carentes...

O jovem se tranca no escuro.

O fone abafa o barulho e lá naquele jogo, vai até amanhecer.

A menina é da rede social para o seu quarto, posta vídeo para o canal.

No ‘insta’ faz pose pra ele ver.

A competição é em ‘visualização’ – a desculpa é ‘profissão’ – gasta o tempo na edição,

só sai do quarto pra comer.

O pai não perde o futebol ou outra bobeira que ele adora ver.

Enquanto lá na cozinha, a mãe abre a geladeira e corre pra outra TV.

Tem criança que com ‘três anos’,

sai do balé, vai pra natação,

tá lá no inglês, pensando no ‘violão’.

Lá na frente, depressiva e sem amor próprio,

de tanto se isolar, não sabe nem olhar nos olhos,

De tanto correr... de tanto perder...

Infelizmente, vai chegar uma vez,

talvez, quem sabe aos dezesseis,

ela não vai aguentar mais.

E, não sabendo lidar com gente, vai conversar com a sua mente doente;

‘é, talvez ela mate os pais’.

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