"Improbidade minha"

Fique somente com as leituras, não queira as mãos que se adestram com palavra. Elas são inóspitas, vazias. Estão ocas de sentidos, na improbidade que ora me assola.

Deixe esvoaçar o que a maldade terna fez pousar. Amanhã outro Sol nascerá e quem sabe nas asas de algum pássaro a tal paz volte a reinar!

Não sei, nem tu sabes. Talvez o destino. Destino? Que rumo é mais incógnito quanto nosso próprio destino. Eu não os tenho: nem ao rumo e nem ao destino, sou feita das incertezas do amanhã e da fatalidade do hoje.

Se hoje morro, pouco a pouco, amanhã renasço. E assim, nascer diariamente é como prorrogar a própria morte.

A bem de uma verdade fantasiosa, não queria nunca poder renascer; pois quando renasço o meu universo torna-se outro. Tornando-se outro, deixo no abismo passado àquelas sensações sentidas, e estas nos impulsionam, nos alimentam. 

Tendo renascido, pura me torno, e esta pureza é como um casulo: pequeno, quente e irrespirável.