Teoria da Eternidade

Tudo é eterno. Tudo é terno. E versos só poderão ser lidos ontem ou amanhã. O hoje é a percepção distorcida. De toda uma vida. E nisso consiste sua existência. Não guarde mágoas pelo que perdeu. Nunca se perde. Não estar na frente dos olhos só significa que eles são cegos porque só enxergam o que querem. E isso sim. É o maior dos erros. O que está bem na frente é o que não se vê. Olhos fechados funcionam mais. Toda forma de julgamento erra e deveria ser julgada. As evidências confundem. Só os enigmas são claros. Não guarde culpas. Errar faz parte de um grande samba-enredo que desfila em sua avenida. Chorar faz parte da grande fantasia que se usa em todos os carnavais. Tudo é eterno. Tudo é terno. E mesmo quando as regras do jogo nos parecem brutais nada são. O mal é só a ausência do bem. Assim como a escuridão não pode enfrentar a luz. Toda sua tristeza acaba em segundos. Mas o riso permanece lembrado e de vez em quando volta. Os dias e as noites se sucedem. E mesmo quando o sol apagar haverão outras estrelas. Tudo respira. Tudo brinca. Uma inocente piada se repete milhares de vezes. Não há muito o que fazer senão existir. E existir significa sonhar sempre e sorrir. A beleza da flor já diz tudo. A flor que se viu nascer não morreu. Ela está lá ainda. Só trocou de lugar. Suas cores diferentes são uma ilusão. Só existe uma cor. Como também só uma raça. Só uma língua. Só uma forma de acreditar em só uma coisa. Não complique. Das complicações nascem a cegueira. E olhos cegos fazem tropeçar. Tudo é eterno. Tudo é terno. Nada erra. Nada consegue acertar. Moedas são como dados. Tem sempre muitos lados. E também gostam de enganar. As rimas às vezes saem do papel. E aí podem ser vistas. Caso contrário acaba faltando o sal. Não o sal da boca. Não o sal do rito. Mas o sal permanente que tempera tudo. Que transforma o banal. Que sacode a rotina. E que transforma gregos em troianos. Tudo é eterno. Tudo é terno. Não se preocupe. Não há morte. Não há vida para guardar. Ela mesma se guarda. Ela mesma não se acaba. Os epitáfios foram feitos de propósito para rir da nossa cara. As datas nada guardam. São contas como a gente aprende na escola. São números que podem ser alterados de acordo com o gosto do freguês. Nada acontece. Por isso acontece tudo. Nada permanece. Por isso permanece tudo. Tudo se inverte. Tudo tem um lado oculto que aparece mais. Não faça planos. Nem um minuto pode ser executado com precisão. Sempre se pensa e pensar é que causa aflição. Aquilo que é deve ser por ser. Tudo acontecerá quando e como deve ser. Aos maus só sobra a espera do castigo. Os maus são pobres coitados que escolheram o amargo ao invés do doce. Tudo é eterno. Tudo é terno. Até os versos que escrevi me perseguirão sempre...

Carlinhos De Almeida
Enviado por Carlinhos De Almeida em 03/08/2018
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