Bom dia meu Deus!

Era madrugada quando levantei, o breu ainda dominava. Juntei os gravetos no fogão a lenha e acendi o fogo, pegou com facilidade. Ajeitei um caneco e coloquei água com açúcar para ferver, me sentei de frente a janela para esperar enquanto ouvia o crepitar do fogo e sentia o ar fresco da manhã no campo.

Naquele momento, enquanto o céu começava a clarear sendo tomado pelo vermelho da mistura do escuro da noite com o azul da manhã, os galos da região entonavam um cântico decorado e ensaiado, eu senti. Ele estava ali. Ele me dava bom dia. Ele vinha pelo vento fresco que entrava pela janela; Ele vinha pelo som do cantar dos galos; Ele vinha pelo calor que emanava do fogão; Ele vinha pelo aconchegante crepitar do fogo; Ele estava ali e me dizia Bom dia. Foi emocionante, é fascinante quando Ele te permite senti-lo. A concentração foi cortada pelo borbulhar da água avisando que estava na hora de passar o café. Retirei o caneco do fogo e preparei o coador com o pó, pó esse que eu mesmo torrei, vindo de um fruto que eu mesmo cultivei, passei o café e aproveitei aquele aroma maravilhoso, cada segundo era importante. Bebi um bom gole, engarrafei o resto e saí para o curral, juntar as vacas e seguir o dia!