SÓ MESMO O AMOR!

A sair debaixo da cama com o castiçal na mão

A segredar minúcias escusas e limpar a boca

A morrer sentindo o olor da teia que assanha

A desmerecer os versos plácidos devolutos.

Só mesmo esse céu

A impor ao mel, a noviça do espelho

Ao pudor sem léu, uma navalha sentida

Que corta da cisma a garganta e sobe às paredes.

E eu a tentar compreender!

Armar as tramas com os cadarços do tempo

Soprar o lume e desvanecer ao vento

Vociferar rotundas vozes ao colchão mais cego...

Só mesmo este pijama

A deitar em mim, a vara impiedosa da vida

A depor-me lendas ao sobejar matutino

A transpor os mistérios que da alma saltam.

Só sendo esta cor

Abrupta flor que mascara do pássaro a dor

Que rasga a seda bruta no ocultar noturno

Pelo qual, todos os dias, prezo, rezo e gozo.

Só mesmo o amor

Que tenha sempre este ardor

Que arfe sempre esta cor

Mas, que de nenhuma sorte, me seja indolor.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 06/09/2007
Reeditado em 13/05/2008
Código do texto: T640975
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