SÓ MESMO O AMOR!
A sair debaixo da cama com o castiçal na mão
A segredar minúcias escusas e limpar a boca
A morrer sentindo o olor da teia que assanha
A desmerecer os versos plácidos devolutos.
Só mesmo esse céu
A impor ao mel, a noviça do espelho
Ao pudor sem léu, uma navalha sentida
Que corta da cisma a garganta e sobe às paredes.
E eu a tentar compreender!
Armar as tramas com os cadarços do tempo
Soprar o lume e desvanecer ao vento
Vociferar rotundas vozes ao colchão mais cego...
Só mesmo este pijama
A deitar em mim, a vara impiedosa da vida
A depor-me lendas ao sobejar matutino
A transpor os mistérios que da alma saltam.
Só sendo esta cor
Abrupta flor que mascara do pássaro a dor
Que rasga a seda bruta no ocultar noturno
Pelo qual, todos os dias, prezo, rezo e gozo.
Só mesmo o amor
Que tenha sempre este ardor
Que arfe sempre esta cor
Mas, que de nenhuma sorte, me seja indolor.