_Lavadeira no Velho Xico

Cabeça forte, pescoço troncudo...

Lenço amarrado sobre os cabelos grisalhos,

cor negra, marcada pelo calor e raios do sol.

Lábios grossos e largos, dentes brancos e bonitos,

sorriso aberto e transparente.

Nariz achatado e olhos avermelhados pela poeira trazida pelo vento.

Vestido branco meio encardido para o dia-a-dia,

vai escondendo aquele corpo cansado daquela senhora.

Todos os dias lá ela vai para a beira do rio.

Com ela também vão as outras mulheres para a mesma labuta.

Gamela de madeira cheia de roupas na cabeça,

pelo trilho estreito feito pelos pés das lavadeiras,

ela vai até às águas barrentas do Velho Xico.

Nas pedras e nas quedas das águas, ela lava roupa sem parar.

Mãos ágeis esfregam os panos nobres da Casa de Dona Isabel.

Ela vai lavando e batendo nas pedras as nobres roupas

e o sol vai subindo, vai quarando a roupa estendida na grama.

Seu nome: Dona Raimunda, mulher forte e trabalhadeira,

que todos os dias caminha para a beira do rio.

Ela sim, tem muitas histórias para contar!

Quando não está ouvindo histórias e boatos, está contando.

Quando não está contando e nem ouvindo, ela canta:

“Roupa suja não se lava em casa.

Roupa suja lava-se na beira do rio.

Roupa suja fica em pé e cria asa,

Roupa suja assim, dá até arrepio”.

Dona Raimunda:

quanto trabalho, quantas saudades, e ainda sonha com a esperança!

Dona Raimunda:

Lavadeira com as lavadeiras de roupas no rio São Francisco.

É isso aí!

Acácio

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 16/08/2018
Código do texto: T6420657
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