"Duplo"

Exauri-me há muito pelo Amor. Amor de homem, que hoje já não me desassossega. Explícita, assim demonstro.

Intrínseco é o que latente há em mim. É segredo, revelado apenas em indecifráveis sussurros, gemidos e sensações.

Meu olhar em transparência reverbera o meu desejo. Pode conduzir, ou até mesmo destituir.

Sentir-me fugaz é não me consumir. Talvez na covardia do tempo que sabiamente reina contra.

Há um duplo em mim: um deseja, outro repudia. No desejo me fortaleço e me envaideço. No repúdio, esmoreço e morro.

E se há contrariedade, há impulsão. E nele desvairo-me nua de sentidos....


E você sabe muito bem onde tudo isso termina, não é?