MEUS INIMIGOS

De há muito, eles são meus inimigos. Contudo, não são presenças constantes em meus pensamentos, nem mesmo em minha emoção ou em minha lembrança. Não lhes dou, no cotidiano de meu viver, importância expressiva à sua existência.

Nesse passo, muito ao contrário, procuro desprezá-los e substituí-los por meus amigos, aqueles que fazem parte de meus trajetos e de meu itinerário, quando este se corporifica por intermédio da luz e do amor.

Tenho trabalhado com eles por algumas vezes e, ao que tudo indica, alcancei a vitória nas respectivas batalhas! Pacífico período, quando minha alma ingressa em estado de pralaya, das lutas tantas em que enfrenta o desafio próprio da evolução.

Mas, a guerra, esta não termina! Apenas entra em trégua. E, no processar da evolução, meu ser afronta tais inimigos! São terríveis, embora não gigantes como o Golias, que, apesar de parecer tremendamente forte, foi vencido por David, com uma simples funda! Mas, David tocava sua mística lira de três cordas, conversava com hierarquias poderosas e luminosas, tinha introjetada em si, em sua persona, em altas doses, na dinâmica evolucional, a própria divindade!

E eu, não, pequenina que sou! Pequenina sou, consoante já expressei linhas atrás, mas, ainda assim, eu desprezo aqueles inimigos, partícipes que são de um plano sombrio e maquiavélico, integrantes de uma falange antiga na história da Terra, na história da Humanidade. Eles não desistem de me perseguir, apresentando-se a minha mente e ao meu coração, tentando adentrar minha alma, sem dó, nem compaixão! Usam de sortilégios, de artifícios, de sutilezas mil para me verem combalida e vencida, derrotada.

Todavia, não desisto e se, por vezes poucas, eu quase caio em seus inteligentes estratagemas, logo me ergo e, com os Mestres à frente e, principalmente, com o Deus que em mim habita, sorrio, ilumino-me, alentada pela espiritualidade maior, que me socorre e prossigo minha estrada, procurando, no caminhar, ajustar meus pés às pegadas de Jesus, o doce, poderoso e amoroso luminar de todos nós!

Aliás, é bem de ver, o quase caio não é totalmente verdadeiro, eis que chego a sentir os inimigos dentro do meu coração, querendo ficar agasalhados, bem acomodados, com hospedagem tacitamente consentida! Por pouco tempo, contudo. Pois, logo, chego a conseguir expulsá-los!

São meus inimigos! Não os quero em minha casa, nem os quero em meu interior! É revoltante a insistência! Mas, com revolta, não os venço! Só com amor, paciência e trabalho edificante! A casa, parcialmente avariada, passa por uma limpeza, que lhe faço e por especiais consertos, para que, novamente, ela se possa concertar com a harmonia de minha mente e de meu coração e com o concerto universal de paz, amor e luz!

Impende esclarecer que eles são irmãos e formam uma perigosa parelha, um casal ameaçador, todas as vezes que eles se apresentam para alguém que busca a luz e a evolução de sua alma! Um é agitado, dinâmico, o masculino, seu par é feminino, de passividade muita. Vivem de mãos dadas, acariciando-se e arquitetando maléficos planos para os humanos!

Faz um breve tempo, eles tentaram e quase conseguiram sucesso contra mim, em um ataque genial, consoante, a seguir, sucintamente, procurarei descrever.

Na realidade, tudo ocorreu e ocorre a partir de ontem, prosseguindo o processo por todo o dia de hoje, principalmente, esta tarde. Eu havia saído por alguns minutos e eles chegaram... bateram à porta de meu lar e minha sombra, que não possui os predicados que se fazem necessários a um rápido contra-ataque, abriu a porta, sorriu fragilmente para eles, que, sorrateiramente, devagarzinho, foram entrando, perturbando, causando-me certo mal-estar.

Lutei. Tomei um banho. Perfumei-me com jasmim e... orei. Orei, contritamente, buscando a luz do Altíssimo e o alento e aconchego de Jesus, o Mestre, que me estendeu sua mão, que, com firmeza, segurei!

Mais uma vez, venci! Expulsei-os, simplesmente, e, ainda segurando a mão de Jesus, permaneço, serena, feliz, em paz!

Afinal, foi Ele quem, há mais de dois mil anos, disse para nós, de sua posteridade: “Deixo-vos a minha paz, a minha paz vos dou”.

Os nomes de meus inimigos? Ele se chama Ciúme, ela, Depressão! Terríveis inimigos! Não os queiramos conosco, não os queiramos no nosso caminhar na estrada do amor, da fraternidade e da paz!

Mariadeonice Sampaio Costa

De Fortaleza, a 08 de setembro de 2007

Maria Deonice Sampaio Costa
Enviado por Maria Deonice Sampaio Costa em 09/09/2007
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