O Menino

Lá se vai o menino nas estradas de terra, colhendo os frutos de medo das árvores que lá não existiam. Lá se vai o menino brincando de ser adulto, imaginando ser do tamanho do mundo em que ele não cabia. Por ele sobrevoam os pássaros de ferro, as maldades metidas e as sutilezas da vida. Corre contra o tempo sem ter relógio para o apressar. Nada contra a maré sem que haja um rio que desagua no mar.

Lá se vai o menino iludido e de tão lindo procura quem o criou. O seu cérebro pede por obséquio um motivo seguro de ter que sozinho aprender a guiar. Mas lá bem ao longe continua caminhando, as vezes rastejando, mas sempre em frente rente ao desconhecido. E sem ter com quem falar aprende a pronunciar as primeiras porções de palavras, e que como chaves abrem as portas do contato com o sobrenatural. Lá se vai o menino, mas por onde ele vai?

25.08.2008