Carta sobre a saudade e a morte

Me estremece pensar na sua morte. Tenho medo que você morra. Você começou a morrer no dia em que eu te conheci. Antes você não morria. Agora, quanto mais cresce o meu amor, mais cresce o perigo de você morrer. Quando você não fazia sentido pra mim, sua morte não me doía. Agora você é um pedaço de mim. Se morre, me fico metade... só a metade amarga de mim, que sou.

Antes havia uma saudade... como não tinha nome, não tinha solução. Naquela lua vadia que crescia, me contaram o nome da minha saudade... essa saudade que não vai embora nunca, nem mesmo na presença. E... uma saudade com nome é uma saudade perigosa. É uma saudade que avisa que vai doer, mas não diz quando. Uma saudade com nome anuncia uma morte. E a morte, não sendo um fim, é um espaço infinito demais pra suportar. E uma perda irremediável, seja lá como for.