Céu cor-de-rosa

E as mãos se enchem de calo

E a boca emudece e não falo

Enquanto suor desce pelo ralo

E a chuva continua molhando...

A janela e as flores amarelas

Torturadas pelo vento, elas

Agora não são mais tão belas

A vida em horas vai circulando...

Tic tac que enjoa, o pensar voa

Pés no chão, e nunca pés à toa

Passos que ao pisar faz que doa

Tarso, metatarso, ossos fortes...

Vão ficando frágeis pelo tempo

Mas, firme fica o pensamento

Mesmo que às vezes, seja lento

Vai unindo os pontos, os contos

E os acentos; assento e deixo...

O sonho adocicar a boca, e o céu

É um momento cor-de-rosa, meu

E finjo que amor não me esqueceu.