No dia em que um homem olhar para uma mulher e desnudá-la com os olhos, mas ao invés de ver um corpo cheio de curvas ele também sentir uma alma cheia de sonhos, nesse dia ele conhecerá uma menina, uma poetisa, uma guerreira, uma idealista , uma rainha. Perde-se a cabeça mais não morre os ideais!
Ana Bolena e a Moça de Batatais...




A Desonra É Pior Do Que A Morte...



Nas paredes frias e hipócritas da monarquia
Ana Bolena foi tão ingênua quanto eu
A menina que não passava de uma dama de companhia
Por amor a Henrique VIII a cabeça e o coração se perdeu
Um rei se apaixonaria por uma plebéia tão bela?
É fácil dizer eu te amo
Quando se tem nos braços a mais doce das donzelas
Como eu ela amava as artes e a poesia
Sua nobreza estava em não ter medo de buscar a felicidade todo dia
Mas um dia o castelo de amor desmorronou ao chão
Não há nada mais frágil nesse mundo
Que um sentimento chamado paixão
A espera do herdeiro do trono que nunca chegou
Sem saber que a profecia já havio sido cumprida
E que a mais bela e generosa rainha ele um dia fecundou
Um homem fraco...
Que só encontrou uma maneira dessa rainha destronar
Usando a língua ferina para caluniar
Essa moça é uma bruxa...
Que me seduziu com a pureza de uma fada vinda do céu
Prendam-na para sempre na Torre de Babel
Ou seria apenas uma menina inocente
Que ousou acreditar nas palavras doces proferidas como mel
Levada arrastada pelos cabelos
O covarde mentiroso prende aos berros na torre Ana Bolena e Raquel
Não existe diferença entre as duas nem na vida nem na morte
Ao olharem pela janela descobrem que são mulheres fortes
Ambas cavalgam livres pelos campos montadas em cavalos sem cabeça
Se esperam que não mais tenham sonhos...esqueça!
Condenadas a morte por amar
Esperam de cabeça erguida o carrasco chegar
Usam um simples e branco vestido simbolizando a pureza
A túnica escura como se a magia do amor
Fosse a maior de todas as nobrezas
Os longos cabelos negros são como cascatas nos seios a cair
E o colar de pérolas a mostrar que todas as mulheres são belas
Até na hora de partir...
Ambas se dão as mãos
Se tornam duas mulheres unidas por um só coração
A porta pesada da torre se abre
Adentra o carrasco e olha através da máscara para aquela mulher
Nenhuma lágrima e seu corpo ereto se mantém firme de pé
Eleva o queixo para o alto
Uma mulher digna morre em cima do salto
Sem clamar...sem pedir...sem implorar
Só o Homem condena o própio ser humano
Nesse mundo imundo por amar
Seu corpo da torre jamais sairia
Mas seu espírito atravessa séculos como atravessa dias
Na torre mesmo foi sepultada
Mas a morte não é o fim de uma longa jornada
Bruxas ou fadas nada mais são que moças que nascem para amar demais
Uma cabeça representa só um membro decepado e nada mais
Sou uma moça simples entregue a própia sorte
Mas a desonra para mim é pior do que a morte
Talvez o que o rei não viu e nem verá jamais
Seja o que o senhor também não vê meu caro rapaz
É que diante dele existia uma rainha
Com os olhos tristes de Ana Bolena
E o coração de uma simples morena
A Moça de Batatais...








                                           




 
Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 27/10/2018
Reeditado em 27/10/2018
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