HOMENS DE HOJE
O homem de hoje está em processo de envelhecimento, precoce,
Não passou tudo que poderia, não cresceu tudo o que deveria...
Mas parou de sonhar...
Parou com o sonho e com o desejo,
E esta é a mais direta forma de envelhecer e morrer.
É quando se substitui o sonho pela certeza
A fantasia pela “realidade”
O desejo de seguir mudando pela acomodação do que já se conseguiu fazer.
Queria soltar-lhe as asas
Pra que alce novos vôos,
Queria fazer-lhe cócegas nos pés,
Pra que queira caminhar, de novo, correr, talvez
Queria que saltasse do paredão enorme,
na certeza de que podemos amortecer a queda uns dos outros
ou que as nuvens amortecerão a queda.
Mas não responde aos puxões, às cócegas, aos empurrões,
Senão com a sua sisuda certeza de que já chegou ao ápice
Olha a quem insiste como se olhasse a uma louca,
Insana por continuar a sonhar, a desejar, a querer...
Acha somos tolos por querer continuar,
Sem importar o juízo, o siso, o sábio, o amanhã.
Queria que ele soubesse que, apesar de tudo,
Só se mantém a juventude da alma,
quando se pode manter a chama dos sonhos acesa
Só se mantém a alegria de viver
quando se deixa o sonho às ordens
para que se possa brincar com ele,
a qualquer momento, próprio ou impróprio.
E só se ama deixando que cada um siga o seu sonho,
para depois compartilhá-lo...