Abstinência
Sozinha,
em silêncio no vazio do quarto
com a mente num profundo barulho.
Alma aos berros e em chamas,
sobre a pele mantinha a mais pura calma.
A doçura em seu rosto tapando o buraco negro em si,
em quanto a carência batia forte na porta.
Era aquela falta de novo.
A droga da ansiedade não a deixava em paz, iludir-se era uma vício incontrolável.
Estava invisível para si mesma,
inalcançável,
o espelho era um inimigo cruel.
Sentimentos se esvaindo,
a faísca da esperança tentando reacender-se.
Frio! Ficava cada dia mais gelada por dentro,
o corpo em crise de abstinência,
a definição de prazer sendo esquecida.
"Um dia alguém virá, um dia alguém me enxergará!"
"Quem, menina? De onde?
Resgate-se sozinha."
O cérebro sabia que era loucura,
mas e se não fosse?
"Durma, querida".
O subconsciente sabia que esse era o remédio,
então, ela pegou suas dores e foi ao encontro dos braços de Orfeu.
Bom dia!
Foi dado o restart, hora de por o sorriso amarelo novamente.