FUNERAL DAS ALEGRIAS
Morreram-se-me os risos…
Hoje descansam sob um camama de expectativas
Onde um mendigo senta-se sobre o solo contemplando a noite de lua cheia
em meio a madrugada que aprisionou a alvorada num palácio preto cansado,
carcomido pelo ir-se dos dias que me relembram a cinzentitude de Salazar,
que com a mesma insipidez concede-nos enxurradas de razões para chorar;
É só orar, pois as alegrias partiram sem despedidas;
Despidas de comprazer diante do vácuo em que ressoam gritos de socorro
lançados a partir de cubatas de latas nesta caverna de idas sem vindas;
Vim dar a conhecer que o cortejo fúnebre serpenteia entre os corredores do para-lamentismo
Onde uma janela indiscreta abre-se-nos para revelar a fotografia de deputados algemados e amordaçados,
Dançando ao ritmo dos silêncios ante créditos in-autorizados e dívidas públicas nuas, desfilando na passarela das atenuações deste parlamento;
Para lamento perene da loucura que se enraíza no nguimbo dos jovens,
O deus d´aqui lecciona temores que fertilizam terrenos dignos de uns goles de capucas industrializadas em meio às maratonas com pintas de alegrias,
Alegrias que no raiar do sol dissipam-se quando diante da fome esfomeada e do desemprego cada vez mais desempregado das folhas estatísticas descartáveis;
Descartáveis clemências para limpar as cagadas cujo fedor atraíra um bando de moscas que agora descansam longe da kuzu, numa embaixada qualquer;
Pois, qualquer será a vítima a aparta-se do caso por demais saber-se que o estupro a sabor de jindungo se há-de reiterar,
Não haverá públicas tampouco privadas justiças, porquanto o sistema há muito se permitiu enrabar
Morreram-se-me as alegrias na queda sobre a casca de banana das vossas promessas
Quando cri que me daríeis casamento depois do falseado noivado naquele comício a céu aberto
Com o Sol derramando toda a sua raiva sobre o beijo do manear de nossas cabeças concordantes
Enquanto as panelas clamam por kabwenhas que lhes venham livrar da ferrugem que se avizinha com a adaga das divisas cortando-nos o estômago
Uma lombriga entoa do fundo das entranhas canções de embalar miúdos
Sempre os miúdos…
Estes que se viram circuncidadas às vozes quando em meio a madrugada dos sonos pesados das gentes despertaram
Destaparam a panela que ferve desde 75 para encontrar que se não tratavam de feijões,
mas de pedras no lugar daqueles milhões
Que hoje se não sabe o paradeiro
Então, não são os desígnios de um deus inescrutáveis?
O silêncio responde-nos com a inércia das contas nunca prestadas!
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#Nguvulu_da_Gama , in "Circo de Prantos".
13-01-2017
Ens Rationis.