FEDE A POESIA

O colostro amargo e prolífico da prosa

O sápido corrimento fidedigno do verso

Estão caindo em regra, ensangüentando.

Holocausto de dissabor, oásis de pó e muitíssima dor

A nós, renitentes entes, uma medalha branca

Linho quente a cobrir os inopiosos olhos.

O enxofre pesa no ar e as narinas o perquirem

Poluem-se, castram-se, conquanto fluam... sereníssimas

Santa sapiência!

Nestes dias lacrimais, vastos são os lastros

Bate forte a aldrava e a morte está tenra

Escadas por esquinas e o fórceps a agir.

Sinto o olor cataclísmico da poesia

Por mais estarrecida que arda minh’alma

Agonizam meus testículos à morsa algoz.

Desterra-se pardo e pulverulento emplasto

A lamber-me as axilas, a frutar-me o lóculo

A antecipar-me o instante preciso e oco.

Ó poderoso e inesquecível jasmim!

Estenda-me suas asas perfumadas

Ablua-me destas pretas indulgências... nigérrimas!

Quanto inda plantar, se não me nutro por estolões?

Se não me mudo por milhões de quinhões?

Quanta inquietude!

Penso nas gerações vindouras...

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 12/09/2007
Reeditado em 06/05/2008
Código do texto: T649848
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.