Francisco Alves gravou " Pálida Morena" em 31 de agosto de 1933. Morreu tendo três paixões nessa vida, o cigarro, a bebida e uma morena misteriosa que ele retratava de maneira tão sentida em suas músicas. O cigarro prejudicou sua voz, a bebida prejudicou sua vida e a morena...o levou ao paraíso...


Pálida Morena...


Sem saber ainda conjugar o verbo iludir
Em silêncio fiquei ao ver sua boca mentir
Escondi tudo o que eu tinha dentro de um vestido
E ergui os olhos inocentes para um amor fingido
Deixei que tocasse a maciez do meu rosto
Nem na última carícia causaria-te desgosto
E lá foi ele de encontro a um luminoso cabaré
Garçom por favor
Um cigarro, uma bebida e um corpo qualquer
Os anos se passaram
E com eles a ilusão da alegria
No balcão agora um homem solitário
Fugindo da nostalgia
Sem dinheiro ninguém o aquecia do frio
Então mais uma dose no copo vazio
Na lembrança veio o rosto daquela pequena
Quando tocou-lhe de leve o ombro
Uma pálida morena...
Ele piscou os olhos duvidando da realidade
Seria ela ou seria devaneios por causa da idade?
A meiga menina de Batatais
Agora moça...
Cravava nele seus olhos negros feito punhais
Ao tocar o rosto dela como fizera outrora
Sentiu alvoraçar seu velho coração
O poder de iludir pertencia a ela agora
Mas morena que é morena tem sim compaixão
Ao ouvir os acordes de um tango de Gardel
Um último pedido ele fez
Deixe-me tê-la nos braços outra vez
Minha doce Raquel
Cheia de promessas e cálidas juras
Foi para os seus braços cheia de travessuras
Manhosa fez dos seus beijos um veneno que tortura
E na manhã seguinte
Despediu-se dele em frente a sepultura...






                                     


 
Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 17/11/2018
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