CRAVEJADO DE EMOÇÃO (EU ENQUANTO SOL)

Não sou tal a lua

Suas fases interam; não sou inteiro

Sou maço de veias falidas boiando em tórrido caldo

Encapsulado por ondas, desnudo, enfim.

Tenho a perseguir, láparos por azinhagas acidentadas

Respiro, às vezes, sem a tutoragem d’alma ou a relíquia do espírito

Mais hei de ser o sol, radiante e gélido nos pólos da consciência

Meu “ai” de ausência... meu requeijão.

Não sou tal a lua, cujas crateras possuem fundo

Cuja aridez provoca vertigens, todas elas tão virgens!

Abomino a castidade visceral, fúfia e residual

Só me faço nauta quando réprobo está o firmamento.

Faço-me de escada, não de fermento

Por muito andar, rastejar e penar na abóbada literária

Não posso ser tal a lua

Nem que muito desejasse, ela não me permitiria tal semelhança.

Meu papel recorre ao sol; nele, concedo-me

Almejo mantê-la, ó identidade cintilante!

Pelos séculos e séculos a passar.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 13/09/2007
Reeditado em 06/05/2008
Código do texto: T650572
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