CRAVEJADO DE EMOÇÃO (EU ENQUANTO SOL)
Não sou tal a lua
Suas fases interam; não sou inteiro
Sou maço de veias falidas boiando em tórrido caldo
Encapsulado por ondas, desnudo, enfim.
Tenho a perseguir, láparos por azinhagas acidentadas
Respiro, às vezes, sem a tutoragem d’alma ou a relíquia do espírito
Mais hei de ser o sol, radiante e gélido nos pólos da consciência
Meu “ai” de ausência... meu requeijão.
Não sou tal a lua, cujas crateras possuem fundo
Cuja aridez provoca vertigens, todas elas tão virgens!
Abomino a castidade visceral, fúfia e residual
Só me faço nauta quando réprobo está o firmamento.
Faço-me de escada, não de fermento
Por muito andar, rastejar e penar na abóbada literária
Não posso ser tal a lua
Nem que muito desejasse, ela não me permitiria tal semelhança.
Meu papel recorre ao sol; nele, concedo-me
Almejo mantê-la, ó identidade cintilante!
Pelos séculos e séculos a passar.