Tudo de hoje

Se hoje eu fosse eu, com certeza me consumiria,

sairia por aí a levantar a alma para este mundo

egocêntrico mundo que não se conforma girar em torno do sol...

Correria de minhas furtivas e incontáveis amarguras,

dores e torturas que eu mesma contesto

e ao todo, subtraídas todas essas loucuras, a resposta seria o resto!

Se hoje eu fosse eu, criaria asas de cera pra testar minhas quedas,

fugiria absurdamente da solidão que não me deixa só

Egocêntrica solidão que fala comigo o tempo todo, monólogos vãos...

Percorreria os túneis inconseqüentes e tortuosos das aventuras,

seria menos algoz do superego, dar-lhe-ia merecido indulto

e ao todo, somadas essas desenvolturas, a resposta seria o caos!

Se hoje eu fosse eu, rasgaria todos os meus anexos,

viveria apenas a perplexidade de ser por um dia o que não aprendi,

egocêntrica perplexidade que se esquiva de minh'alma inocente...

Navegaria a degustar os nobres vértices das aparências

só pra ver como isso seria, o prazer isso daria a mim como a todos

e ao todo, dividido este coração rochoso, a resposta não sei!

Se hoje eu fosse eu, eu não me saberia,

porque há parte de meu eu que não me suporta nem acrescenta

de tanto conflitarem-se o bem e o mal, egos fluidos, dores secas...

Esqueceria de ser o que sempre fui, não sei, eu me exalaria,

sem certezas, sem histórias, sem ideais muito convictos, sem mim,

e meu todo talvez suplantasse a inquietude que me devora!

Nalva
Enviado por Nalva em 14/09/2007
Reeditado em 18/10/2008
Código do texto: T652485
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