Tudo de hoje
Se hoje eu fosse eu, com certeza me consumiria,
sairia por aí a levantar a alma para este mundo
egocêntrico mundo que não se conforma girar em torno do sol...
Correria de minhas furtivas e incontáveis amarguras,
dores e torturas que eu mesma contesto
e ao todo, subtraídas todas essas loucuras, a resposta seria o resto!
Se hoje eu fosse eu, criaria asas de cera pra testar minhas quedas,
fugiria absurdamente da solidão que não me deixa só
Egocêntrica solidão que fala comigo o tempo todo, monólogos vãos...
Percorreria os túneis inconseqüentes e tortuosos das aventuras,
seria menos algoz do superego, dar-lhe-ia merecido indulto
e ao todo, somadas essas desenvolturas, a resposta seria o caos!
Se hoje eu fosse eu, rasgaria todos os meus anexos,
viveria apenas a perplexidade de ser por um dia o que não aprendi,
egocêntrica perplexidade que se esquiva de minh'alma inocente...
Navegaria a degustar os nobres vértices das aparências
só pra ver como isso seria, o prazer isso daria a mim como a todos
e ao todo, dividido este coração rochoso, a resposta não sei!
Se hoje eu fosse eu, eu não me saberia,
porque há parte de meu eu que não me suporta nem acrescenta
de tanto conflitarem-se o bem e o mal, egos fluidos, dores secas...
Esqueceria de ser o que sempre fui, não sei, eu me exalaria,
sem certezas, sem histórias, sem ideais muito convictos, sem mim,
e meu todo talvez suplantasse a inquietude que me devora!