ESCREVER

Não sou de pequenos poemas

Tampouco sou de escritas exatas

Falo do que nunca foi dito

Afinal, falo de mim, que por vezes sou calado

Quando me pego escrevendo

E olhe que me assusto quando me vejo no ato

Não sei exatamente se estou vestido ou despido na nudez da alma

Por isso escrevo muito

E muito pouco se entende dentro do outro

Escrevo poemas grandes

Prosas enooormes

Poucas métricas

As vezes nenhuma rima

Mas escrevo porque é ali que digo o que não digo

Mas que digo na medida que a mente expele

Amores roubados, prédios derrubados e uma sensação eterna de desmoronamento

Escrevo sobre o caos que é aceitar a felicidade

E a alegria de aceitar a tristeza

As pessoas tem medo de aceitar o que não tira sorrisos

Escrevo também sobre o silêncio

E é ele que me acompanha letras a dentro

Sempre que termino e nunca termino

Penso ser o último a escrever

As escritas tem um dom de por um fim nas aflições

Metaforicamente morro a cada escrita

E assustado, renasço como uma criança que acabara de vir ao mundo

Choro