Infância

As lembranças que mais guardei do papai são tão fortes que perduraram a vida toda.

Não tive muito tempo para conviver com ele. (Menos ainda com minha mãe que muito cedo nos deixou).

Não tenho na mente nada deles dois juntos. Da mãe permaneceu mais forte parte do último dia que ela viveu e muito do que foi o velório.

Talvez o cérebro falhou na seleção e não apagou este momento difícil.

É de um pouco mais a frente disso que lembro do pai.

Era um homem bonito. Tinha a formação que a vida lhe deu. Tinha inteligência, percepção e vontade de fazer. Sabia tudo. Desde a derrubada de uma árvore, até a transformação em tábuas e outros derivados. Sabia de castração. Tinha um enorme pomar. Fazia pipas de vinho. Era um colono italiano típico.

Era uma família grande. Somos em onze irmãos. Por ser o mais novo da turma tenho sobrinhos mais velhos do que eu.

Vivíamos numa simplicidade Franciscano. (E não por ele se chamar Francisco). Afastado de tudo, numa área rural que era também o final de estrada. Beira do Rio Jacuí. E não havia, além da terra dele, nem estrada, nem ponte. Para seguir só a cavalo ou a pé e ainda assim passando pelo rio a nado.

Dayde W Nikolas
Enviado por Dayde W Nikolas em 03/01/2019
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