O fim é só um detalhe
O fim é inevitável.
As pessoas não são perenes e apenas gravitam ao nosso redor.
Por vontade própria ou não,
Uma hora, inevitavelmente, elas se vão.
Precisam ir.
É a lei da vida - do amor?
Materialmente, emocionalmente, mentalmente: tudo passa.
Estamos fadados a esquecer mesmo quando queremos lembrar.
E, por mais duro que pareça, é preciso saber levar.
“Há tempo de nascer e tempo de morrer”, diria o escritor de Eclesiastes.
Mas, entre uma coisa e outra, entre o outrora e o porvir,
Há também um espaço de pulsação que não deve ser desprezado.
Não resta dúvida:
A mordida na maçã do Éden nos legou a sensação de que viver é bom.
Melhor ainda quando nossa existência,
Breve e transitória,
É dividida com outras pessoas,
Também breves e transitórias,
Que nos ensinam, na prática, toda a poesia existente nas operações fundamentais.
Talvez o tempo seja mesmo essa incessante brincadeira de tentar ser eterno em outrem.
E, se assim for, cabe a observação:
No meio tempo que somos e temos,
É pequeno demais ser passatempo.
Bom mesmo é se permitir morar no peito de alguém
E não temer o fim.
Pois, definitivamente, a graça não está nos extremos.
Início e fim podem não dizer absolutamente nada.
“Importa a travessia”, alertou Guimarães Rosa.
Alguém duvida?