PARA QUE OS OCRES LUARES FLORESÇAM

Se os perigalhos acumulassem épicos poemas

Minhas liras desenhariam bárbaras enseadas

Concatenadas e abrasivas manhãs de azeite

A plenitude, minha parceira

O mar, o meu 'eu' mais dormente

Com suas adagas e ferrolhos inaugurariam avenidas

De pijama listrado, fêmur exposto, taça de néctar.

Eu esporularia durante a alvorada

Só para fitar as gaivotas sobranceiras em voo

Na quietude e na epifania da natura

Enroscado em nigérrimas capas, no som dos alaudes.

Ah, se pudesse ter toda beleza do universo em minhas mãos!

Empresta-la-ia aos moribundos, aos abutres, ao pobres em essência...

Suponho essa vida ser feita de caramelo

Para que seja sorvida por inteiro

Para que os ocres luares floresçam

As posses perdidas, estuporadas

E o fleimão atenda as odes do organismo

Vivo, roto e morto.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 22/01/2019
Reeditado em 22/01/2019
Código do texto: T6556773
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