“Re-Ser”: “Exanimationes Incidamus”
Palavras espalhadas sobre a mesa
Sobre a sala, sobre a auto-cela,
Quarto escuro, sombrio,
Palavras distorcidas sobre a mente
Tantos nomes, códigos, datas, fontes
Uma mente tão cheia
Um ente tão vazio
Selos, cartas, carimbos, cartografias
E um grande senso de desorientação
Muitos “sins” desejados
Muitos “nãos” recebidos
Sonhos quebrados, distorcidos,
Vividos a esmo
E uma não-vontade
Uma dor na alma
E uma ansiedade
E uma saudade de não se sabe o quê
E uma dor na alma
Cenários acinzentados mesmo na manhã de sol azul
Ou não
Mesmo nos armários repletos
Mesmo nos apartamentos decorados
Ou não
E o pior são os nãos
Reino dos vivos, morrendo, querendo viver,
Ou não
Reino dos “mortos-ainda-vivos”
Reino dos indecisos,
Precisando de salvação,
Cedendo ao não..
A salvação está em uma mão
A salvação está na própria mão
A se erguer
Ser “mãe” de si mesmo
Querer
Ser irmão siamês
Ser “pai” de si mesmo
Insistir
Ser amigo do espelho
Se-apoiar-Narciso-a-se-levantar
Se amar
Se-armar-de-auto-amor
Sem desesperar, tentar outra vez
Recomeçar
Reinventar
Re-Ser...