Querido amor:

Ah, meu querido amor, sou mesmo uma totalitária em busca do seu séquito imaginário.

Sou uma intolerante, uma arrogante, um peso!

Sou dramática, meu bem, tão dramática quanto minha santa mãezinha...

herdei graves doenças psíquicas da minha família, e outras eu mesma fui quem construiu com a força de minhas idéias patologizantes.

Querido amor... sou depressiva. Sou superdepressiva, adoro Saramago e suas densidades doídas.

Tenho apreço pelos rabugentos, na intimidade sou ferina e só de ouvir falar em Nietzsche sinto esquentar-me as virilhas.

Tenho tesão pela tristeza.

É bonito pra mim... é bonito chorar, escandalizar-se, morrer.

Vou pegar suas fraquezas e reduzir a frangalhos.

Vou pesar muito pros meus amados!

Gritaremos um com o outro se você se posicionar contrário ao meu nazismo argumentativo.

Se você for um homem agressivo, tomaremos sangue um do outro com nossas patadas febris.

Se não for, tomará sozinho.

Quase sempre uso minha força em nome da destruição, da corrosão, da melancolia e da morte.

Mas, me perdoa e me acolhe e me ajuda, que eu tô em terapia: quero muito ser bem melhor e... afinal de contas, sou muito gostosa.