Olha só o que tem havido

Eu acordo, reviro umas 13 vezes e dou um jeito de me imaginar morrendo.

Talvez cavalgando forte e caindo, quebro o pescoço, fatal, sem volta. Coitada, tão nova!

Ou talvez metida numa briga de loucas mulheres ciumentas.

Talvez seja hoje, quem sabe?

Veremos.

Logo, me imagino falando numa verborragia intensa, fazendo o nonsense virar palavra, e você respondendo... Me ignorando. Era o seu melhor jeito de me responder.

Às vezes sinto falta disso.

Dá pra fazer a sensação voltar?

O sonho essa noite foi esquisito. Acordei muitas vezes, xinguei em todas. Que porra tá acontecendo comigo?

Que dia pesado de merda.

Onde caralho foi que coloquei meu aparelho de dep... ah, achei. Tá aqui.

E te ouço caçoando de mim na sala. Ou na cozinha. Ou no seu quarto. Sua voz que não dá pra esquecer, está aqui do meu lado... Mas aí, graças a Deus, não está não.

Essa semana bati o carro, de novo. Nada muito sério, porque dessa vez o universo resolveu equilibrar os azares. Comecei a chorar, peguei o celular e quis - ah, como quis! - ligar pra você. Pedir aquela ajuda pra aliviar o peso da adultidade, da desconfiança que tenho em mim.

Não liguei. Pagaria um preço alto por isso.

A rotina me provoca, implica. Me lembra de que você tinha um jeito bem peculiar de me incentivar.

Toda aquela desconfiança, toda cobrança, aquela mania horrível de me acusar antes de investigar, atirar antes de perguntar, me fazia endurecer, focar, resistir. Te provar que não, que "tu tava boiando, seu louco. Que absurdo."

Absurdo.

Tanto, que agora não consigo me colocar no mundo de outro jeito, além de uma perdida que não se vê e nem sabe como chegar.

Ou isso era fala sua?

Nem sei mais.

Aline San
Enviado por Aline San em 30/01/2019
Código do texto: T6563248
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