Descartável

Somos descartáveis, como papel, plástico. O teatro começa, homens e mulheres nas ruas, seres descartáveis. Uma rara coincidência do acaso, um momento, um lapso, um clique. O homem é escravo, do que sente, do que vive, das pessoas. Condição que parece imutável, como se a liberdade não existisse de fato. Eu escrevo, porque eu sofro, irremediavelmente, e escrever é como uma aspirina para as dores casuais do meu viver, há os que amam demais porque a solidão é maior do que o amor, os que sofrem demais, por não terem encontrado um caminho feliz, ou simplesmente não deram sorte, os que possuem centenas de mascaras, mas não consegue distinguir a sua própria personalidade no meio de todas elas. Problemas. No final, tudo é descartável, eu, você, ela. Pois ao invés de minimizarmos os problemas, ou resolve-los, nós o engrandecemos. Vivemos dopados daquilo que não somos, desse sentimento enfadonho de sermos o que não precisamos ser, ao invés de nos pormos a viver o nosso próprio eu, nossos próprios desejos, prazeres. Tudo é tão proibido, meus gostos soam tão estranhos por não serem genéricos. No final, eu sou descartado enquanto assassinam a minha liberdade de escolha.